Inclusão compromete a qualidade?

14/10/2020 20:00

Fonte da foto: Currículo Lattes

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Por Dilvo Ristoff
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Há um persistente temor no meio acadêmico e na sociedade em geral de que a inclusão de estudantes pobres, pretos, pardos e indígenas levará ao afrouxamento de padrões e fará com que a qualidade da graduação piore. O temor, no entanto, não encontra sustentação nem nos dados do Prouni, nem nos do Sisu, nem em pesquisas realizadas por instituições que praticam há anos a política de cotas. Os dados demonstram que estamos mais uma vez diante de um mito.

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Uma comparação do desempenho de prounistas e dos demais estudantes do setor privado no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) mostra que esse temor não se justifica. Convém relembrar que o Enade é aplicado todos os anos, mas os cursos estão divididos em três grupos, de modo que alunos do mesmo curso só fazem o exame de três em três anos. Na comparação de diferentes momentos em que os cursos realizaram o exame, os dados revelam o seguinte: no Grupo I, em 2007, os prounistas tiveram desempenho superior aos não-prounistas em 10 de 16 áreas avaliadas e em todas as 18 áreas avaliadas três anos mais tarde. No Grupo II, em 2008, os prounistas tiveram desempenho superior em 26 de 33 áreas avaliadas e em 31 de 33 áreas avaliadas, em 2011. E, por fim, em 2009, os prounistas do Grupo III tiveram desempenho superior em 23 de 26 áreas avaliadas e, em 2012, em todas as 26 áreas avaliadas. Essa tendência se mantém de 2005 até hoje.

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