Gestão Universitária e Pandemia
Por Antônio Diomário de Queiroz
Eis que a pandemia atinge com impacto a universidade pública brasileira e a coloca diante do desafio e responsabilidade social de garantir a educação de qualidade na sociedade contemporânea aberta em redes de informação e comunicação!
Nesta sociedade o ensino se fará cada vez mais fora do espaço medieval da sala de aulas, fluindo do campus universitário pela internet para ser acessível por todo cidadão desejoso de adquirir o conhecimento, determinante fundamental do valor na nova economia.
Afirma-se então o compromisso social da universidade de alimentar continuamente com novos conhecimentos educacionais, científicos e tecnológicos o processo de desenvolvimento econômico e social do país. Ou seja, uma Universidade empreendedora e que não perca de vista tanto seu papel no ensino, pesquisa e extensão quanto sua função libertária e cultural, como guardiã dos princípios mais elevados da cidadania e da relação livre entre as pessoas.
Não se deve perder de vista no Brasil a importância desse sistema aberto de educação para reverter o efeito concentrador de um processo histórico de desenvolvimento nefasto, que leva à exclusão social, à fome e à miséria.
O advento das novas tecnologias da informação e da comunicação proporciona o repensar do processo ensino-aprendizagem. Não há como esconder dentro do espaço da sala de aula as limitações do conteúdo de um professor por mais bem formado e preparado que ele seja.
A utilização didática das novas tecnologias de educação em rede favorece o processo pedagógico da proposta curricular no mundo novo. O professor tem a responsabilidade ética dos meios. Ele deve empregar os melhores meios possíveis para estimular o aluno a aprender. O esforço interativo de aprendizagem consolida o caráter social da educação. O conhecimento se dá em benefício de todos. É, pois, obrigação ética da política pública de educação ampliar as possibilidades de acesso a esse poderoso meio didático.
Daí nasce o desafio que se impõe à gestão universitária de articular, orientar e dinamizar os processos didático-pedagógicos, proporcionando aos professores, estudantes e servidores técnico-administrativos em educação as condições plenas para integrar-se nesta direção portadora de futuro, viabilizando propostas de ensino, ciência e tecnologia, da pesquisa e da inovação, de forma consorciada e em rede.
A atual pandemia que interrompeu, no mundo inteiro, em todos os níveis educacionais, o processo presencial de ensino-aprendizagem em salas de aula, colocou para a sociedade o desafio de inovar os métodos didático-pedagógicos de educação. A pandemia impulsionou a criatividade e a busca de soluções para a educação em rede de todas as pessoas, em todas as idades, em toda a humanidade.
Este impulso no processo de fortalecimento de uma sociedade em redes, educando pessoas em sistemas abertos, reanima as esperanças de evolução da humanidade na direção da sonhada sociedade do compartilhamento que virá substituir os sistemas vigentes por culturas e organizações sociais cada vez mais colaborativas.
*Antônio Diomário de Queiroz: Doutor em Economia do Desenvolvimento pela Université de Paris I, Sorbonne. Foi Reitor e Professor da Universidade Federal de Santa Catarina no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Exerceu funções de direção no BADESC, CELESC, USATI Portobello. Presidiu a Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina onde foi Secretário de Estado de Educação, Ciência e Tecnologia..
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