Educação e Sustentabilidade em tempos de pandemia

Fonte da foto: arquivo pessoal.

Por Paulo Ivo Koehntopp

Os temas ligados à questão ambiental conquistaram grande espaço nos meios científico, político e empresarial nas últimas duas décadas como resultado do intenso crescimento populacional, do consumo crescente e generalizado de energia fóssil e do desenvolvimento tecnológico baseado em uma matriz de intensa utilização de carbono.

No Brasil, a questão ambiental aflorou mais fortemente a partir da Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente, realizada no Rio de Janeiro em 1992. A partir daí, nosso país tornou-se peça fundamental nas discussões sobre o meio ambiente do planeta.

Ao mesmo tempo em que se confirmou a posição da questão ambiental entre os grandes temas globais, tornou-se patente o grau de complexidade que esse assunto adquiriu em poucas décadas. Inicialmente identificada como um debate limitado por suas características técnicas e científicas, a questão do meio ambiente − mais especificamente o tema da mudança climática − foi transferida para um contexto muito mais amplo, com importantes ramificações nas áreas política, econômica e social.

O tema Mudanças Climáticas hoje é um dos mais importantes itens para a sobrevivência e sustentabilidade da espécie humana, sendo que este adquiriu um grau de complexidade com importantes ramificações nas áreas política, econômica e social, sendo hoje “[…] o maior desafio político, econômico, jurídico e ambiental de nossa civilização” (VIOLA; BARROS-PLATIAU; LEIS, 2008).

Vivemos um momento de expectativa de grandes perturbações de ordem geral no meio ambiente, infraestruturas e na saúde humana (a exemplo da pandemia Covid-19) como resultado da ação humana sobre os ecossistemas, entretanto, ainda não se conhece a real dimensão da interferência humana no processo.

Em que pese haver crescente consenso científico e político a respeito da gravidade destes assuntos ligados ao meio ambiente e a sustentabilidade, ainda não estão definidas nem consensuadas a governança e a governabilidade relativas a eles. Governos debatem em torno de suas responsabilidades, das maneiras de amenizar os efeitos, e do ônus causado às suas economias. Fato é que temos a necessidade de medidas urgentes de mitigação e adaptação da sociedade a este novo momento.

A discussão e elaboração destas medidas passam necessariamente e especialmente pelas universidades, tanto na discussão qualificada quanto na proposição de ações pertinentes a recuperação da qualidade do meio ambiente, tais como: melhoria da eficiência energética (produção e transmissão), solar, eólica, nuclear, biomassa, captura e armazenamento de carbono, energia a partir de resíduos, entre outros.

Se nada for feito, o resultado efetivo das mudanças ambientais que impactarão sobre a sustentabilidade futura da raça humana serão principalmente: a elevação da temperatura (efeito estufa), a alteração no padrão de distribuição das chuvas e aumento da intensidade e frequência das tempestades ao redor do planeta, o aumento do nível dos oceanos, e as mudanças nas zonas climáticas (alterações na biogeografia e topografia). E tudo isto agravado pelo crescimento da população, pelo adensamento urbano e pela ocupação humana em áreas de risco geológico.

Para que possamos mitigar os impactos da crise ambiental no planeta são necessárias grandes mudanças no crescimento econômico, mudanças de comportamento, intervenção política significativa (leis/multas) e especialmente um processo de educação e formação para a sustentabilidade desde a educação infantil até a educação superior.

Para tanto, torna-se imprescindível inserir o assunto sustentabilidade como tema transversal em todas os conteúdos da educação básica, bem como em todas as matrizes curriculares de todos os cursos de formação profissional (superior ou não), além de um amplo programa voltado a formação e capacitação de professores em todos os níveis.

Somente com um esforço hercúleo sobre a educação como a melhor entre todas as ferramentas para as mudanças de comportamento necessárias é que poderemos vislumbrar um futuro de sobrevivência e melhor qualidade de vida para os cidadãos deste planeta, sem surpresas como a pandemia Covid-19.

*Paulo Ivo Koehntopp: Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC 1985), Especialização em Aquicultura (UFSC 1986), Mestrado em Biotecnologia (UFSC 1998) e Doutorado pelo Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas (UFSC 2010). Foi Pró-reitor de Graduação (2001 a 2004) e Reitor (2005 a 2012) da Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE). Foi presidente da Associação Catarinense das Fundações Educacionais – ACAFE (2008 a 2010) e atualmente é o Secretário Executivo.

Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a visão do INPEAU