Sistema de Gestão Estratégica Universitária
Por Luciano Rodrigues Marcelino
A corrente acadêmica tecnicista ainda tem levado muitos dirigentes educacionais a produzir uma complexa conjunção de documentos e planilhas para compor o plano de desenvolvimento estratégico institucional, muito bem elaborados, limitando-se, entretanto, a cumprir marcos regulatórios internos e/ou externos, porém, incapaz de se transformar em um efetivo instrumentos de gestão.
Um plano de desenvolvimento estratégico institucional deveria converter-se num balizador dos principais processos de tomadas de decisão, promovendo alinhamento em todas as esferas organizacionais e um amplo movimento sincronizado de competências, talentos e recursos.
Dada a complexidade, a quantidade de atores e grupos de interesses e o ativismo em que vivem os profissionais de uma IES, adotar um modelo metodológico de construção coletiva requer fôlego, porém os resultados costumam ser muito mais efetivos em relação ao essencial: o compromisso institucional.
Existe um grande esforço institucional para a produção de um planejamento estratégico, com amplas mobilizações de toda a comunidade acadêmica, ilustres convidados externos, infinitas reuniões, muitos registros fotográficos, criativos espaços de reflexão, um excelente “produto final”, que culminam com pomposas celebrações, contudo o destino do documento não raro serão as gavetas.
Um Reitor não pode liderar a construção ou a implementação de um sistema de gestão estratégica por delegação, por mais competente que seja a sua equipe ou contar com consultores altamente especializados no tema.
As etapas de construção e da implementação de um planejamento estratégico requerem competências peculiares. Todas as etapas de construção exigem ampla visão sistêmica, capacidade analítica, organização, transparência e articulação intrainstitucional, entre outros atributos. Já, para a implementação, demanda atributos pessoais de disciplina, persistência, coesão e foco. Para todas as etapas, liderança transformacional é um requisito fundamental para êxito.
Como afirmava Peter Druker, “a cultura engole a estratégia no café da manhã!” Portanto, um Reitor necessitaria compreender que um sistema de gestão estratégica universitária se constitui de um amplo exercício de visão de futuro, um sistematizado processo de planejamento estratégico, mas, sobretudo, da geração de um pensamento estratégico, para que não seja relegado a uma rotina institucional, engenhosamente organizado por planilhas, sem saber qual a estratégia adotada e para onde caminha a instituição diante dos desafios de seu tempo.
O pensamento estratégico pode ser desenvolvido pela criação de mecanismos de oxigenação das ideias vigentes, com a participação dos dirigentes em eventos externos, com a composição de grupos de estudos, com a adoção de benchmarkings, com programas formativos qualificados, com o acesso a relatórios de cenários e tendências e outras ações criativas.
Portanto, um sistema de gestão estratégica universitária deve ser empreendido para assegurar a permanente relevância institucional dentro de seus propósitos existenciais, sendo capaz de prover vantagens competitivas sustentáveis e para que mobilize toda a comunidade universitária em direção a sua visão de futuro.
*Luciano Rodrigues Marcelino: Doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina, Mestrado Executivo em Gestão Empresarial e Graduação em Administração pela Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL.
Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a visão do INPEAU